Um texto para não ser lido
Um texto para não ser lido
Um texto para não ser lido

Olá, bem-vinda, bem-vindo ao Mariposas Espaciais. Obrigado pela visita, fique à vontade para respirar breves silêncios neste mundo de ruídos.

O presente texto não quer te convencer de nada, aliás, você pode abandoná-lo. Ele não tem a pretensão de te fazer melhor, tampouco de te trazer informações relevantes, até seu título é indefinido. É pura falta de juízo, ou, pelo contrário, o juízo das faltas.

Diferente da palavra supérfluo, que é útil para alguma coisa, este texto não serve para nada, é mera elucubração desprovida de sentido. De toda forma, se insistir, fica o aviso de que encontrará, tão somente, um simples exercício de leitura. Nada mais.

Daqui a alguns minutos você já terá terminado e poderá se ocupar com qualquer outra coisa, as ocupações são muitas. Você poderá engarrafar ideias em sua cabeça como se fosse salvar o mundo. Antes, talvez, possa ler em voz alta e ninar a si mesma(o). A melhor história de ninar é ‘a história nenhuma’. Nem o tédio aguenta ‘a história nenhuma’. Aqui, reivindica-se este trunfo, o trunfo ‘da história nenhuma’.

O enredo é enredo nenhum, não há dissertação argumentativa, não há opinião para ser contra ou a favor. É possível ser contra e a favor. E vice-versa. O que se encontra aqui são ausências: ausência de sentenças, ausência de conteúdo, ausência de ordem. Nada produtivo, pois a produção está inflacionada e, sem aviso prévio, a interditamos para não atrapalhar a vagareza do texto.

Mas não se engane, um texto sem conteúdo não é fácil, ele é qualquer coisa e qualquer coisa pode ser muita coisa. Pode ser uma respiração profunda. Ou duas. Um bocejo. Ou dois. Um espreguiçar. Ou dois. Pode ser uma porta que você abre sem querer querendo. Ou duas. Pode ser aquela ideia vagabunda que cruza o pensamento na hora do raciocínio construtivo. Aliás, este texto é uma ideia vagabunda dessas. Ela passou, sorriu e pronto: as ideias se deitaram na rede, reivindicando o direito de não ser.

Na falta do que fazer com ele, o texto, irresponsavelmente, as editoras publicaram. “Há quem possa lê-lo”, argumentou o próprio texto para se defender. Não sei, talvez exista sim quem não queira opinião de nada. Terminar a leitura e pensar… nada. Para um texto tão despretensioso, só um leitor igualmente despretensioso, que só queira ler.

Inclusive, você pode e deve não compartilhar. Afinal de contas, quem mais neste vasto mundo, tão produtivo, vai querer ler algo tão inútil quanto isto?

Texto por Wender Reis