“A música clássica é um poço sem fundo. Quanto mais conhecemos e gostamos, mais queremos conhecer”, assim o flautista Alexandre Braga define os clássicos. Para ele, a música reflete a sociedade, desde o canto gregoriano no século 7, passando por revoluções, queda de impérios e monarquias, ascensão da burguesia, guerras e pós- guerras.
O varginhense começou seus estudos de flauta no Conservatório de Música de Varginha, em 1986, na primeira turma da professora de flauta transversal, Leonilda Batista. No começo, confessa, “desejava tocar a viola caipira”, mas terminou comprando uma flauta doce na escola e a segunda opção acabou virando a primeira, de uma vida.
Ele tinha uns 13 anos, quando um amigo apresentou-lhe a musica clássica. A partir daí vieram participações em festivais e orquestras locais, como a de Poços de Caldas. Os estudos seguiram com o bacharelado em flauta pela UFMG. No entanto, o músico explica o caminho normalmente inverso na carreira dos músicos, dizendo que a faculdade costuma ser um complemento, uma vez que já entram no curso como profissionais.
Em 2000, participou do primeiro grupo da Orquestra de Ouro Preto. No ano seguinte prestou concurso para o Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, passou, e desde então, após a migração, integra a Orquestra Filarmônica do Estado.
“A gente se prepara para o público e não para o tamanho dele”, enfatiza. Alexandre afirma que independente do número de pessoas, o importante é criar um diálogo. ‘Vou feliz para o trabalho’, conta ele, que se considera uma das engrenagens de um grande sistema. “A música já está pronta quando vamos aos ensaios. A interpretação fica por conta do maestro”.
A vontade de escrever sempre existiu, até vir a pandemia e o incentivo da esposa e violinista, Martha Pacífico, para que ele fizesse lives. Com o apoio de Marta, ele começou então a fazer apresentações on-line na sala de casa. Além de uma oportunidade de se reconectar com as pessoas e amigos antigos, Alexandre recebeu um convite para escrever sobre música clássica no Blog do Madeira, de Varginha.
O start estava dado para o nascimento do livro “Por dentro da musica clássica”. Segundo Alexandre, o livro é um guia para admirar genialidade, tesouros fora da curva, como Bach, Beethoven, Vila- Lobos, Mozart e Tchaikovsky. A música clássica é feita por humanos para humanos e todas as culturas têm seu valor, mas eu me concentro no clássica ocidental.”
A partir daí o músico faz recitais de lançamento em Minas. Começou por Varginha no projeto Quinta da Boa Música, passou por Lavras, no Centro Musical Edgar Willens, com cerca de 40 ouvintes. Depois vieram dois recitais em Belo Horizonte; na Loja Acústica de CDs, de um amigo, e no espaço Idea; e por último, em Ouro Preto, no Museu do Oratório. O flautista demonstra satisfação com a recepção das apresentações e reafirma o quanto gosta de conversar com as pessoas.
Sobre a sonoridade sulmineira, o flautista diz que pensa muito nos dialetos da região, de simplicidade e acolhimento, no clima mais frio e nas montanhas. Cita Nelson Freire, Milton Nascimento, Raimundo Andrade e o amigo Cleiton Prosperi, com admiração. Alexandre já lançou dois CDs durante a carreira, um com participação da esposa, que também toca na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, e outro com a professora e pianista Elvira Gomes, de Varginha.
Pra terminar o bate-papo a Mariposa lembra o filme “o Flautista de Hamelin’ (O flautista mágico), de 1957, ambientado na idade média. O protagonista do filme livra a cidade alemã dos ratos e da peste com sua música mágica. O flautista Alexandre livraria o mundo da pandemia tocando a ‘Cantata BWV 156 de Bach, que você pode acompanhar no vídeo abaixo. Para ele ‘a arte faz muito bem para o ser humano. Tem a nobre função de dialogar com nossa alma e emoções’.
Quem quiser adquirir o livro ‘Por dentro da música clássica’ é só enviar um e-mail para Alexandre Braga no [email protected]