O baque do maracatu é uma explosão de som que aquece e dispara o coração. Assim, sempre foi a ligação da Mariposa aqui com o ritmo.
Pra alegria dela e dos apaixonados, Varginha tem um grupo de maracatu, chamado Maraquetê. Maracatu, tradição e comunhão percussiva está em Varginha para dar vasão ao ritmo das emoções por meio da percussão.
Vinícios Pinto, integrante do grupo e instrutor de maracatu do baque virado, veio de Viçosa para Varginha em 2015. No começo, ele mais um amigo e as companheiras, iniciaram o projeto. Os ensaios começaram no Memorial do ET, enquanto o grupo ia incorporando mais pessoas, tudo na base do ‘boca a boca’.
“O maracatu do baque virado se caracteriza pelo som de uma ou mais alfaias; elas fazem a chamada viração, várias notas num só movimento”, segundo Vinícios. Ele explica que a alfaia é um tambor com cordas de afinação que remetem à alfaiataria, com duas peles dos dois lados, de cabra ou bode.”
Há dois grupos de instrumentos no maracatu: os graves, com as alfaias, e os agudos, com a caixa de guerra, o tarol, o gonguê (de metal) que inicia o baque à frente do cortejo; tem ainda os chocalhos, mineiro ou ganzá, o abe ou xequerê.
É quase impossível falar de maracatu sem lembrar de Nação Zumbi e Cordel do Fogo Encantado, dois grupos pernambucanos que levam o maracatu muito a sério! O instrutor do Maraquetê concorda com as levadas deles no maracatu e suas influências no sudeste.
Nação Zumbi foi talvez o maior expoente do Manguebeat na década de 90, movimento cultural criado no Recife em reação à estagnação cultural e econômica da cidade. É muito ritmo regional misturado. Os caranguejos do mangue com cérebro, fazendo o melhor com as piores experiências e visões da pobreza.
Vinícios confirma o surgimento do Maracatu de baque virado, mais antigo, no litoral pernambucano, perto das cidades de Recife e Igaraçu. ‘Uma manifestação negra de coroação de um rei, às vezes um rei congo, mas com traços da cultura portuguesa, da corte, dama de paço e porta-bandeira”. Segundo ele, conta-se que os negros usaram esse artifício para não serem muito reprimidos pela sociedade da época.
A mariposa quis saber sobre a diferença entre os grupos de Maracatu e os Congados, muito tradicionais em Minas. Vinícius esclareceu que os Maracatus de Nação do Recife estão muito ligados aos terreiros de candomblé, enquanto as congadas, são mais ligadas à religiosidade católica, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário.
Oficinas gratuitas em Varginha
O grupo Maraquetê oferece oficinas gratuitas em Varginha. Segundo Vinícios, mesmo sem ter conhecimento e experiência é só chegar lá que o grupo começa pelo ritmo, pulsação, no tempo da pessoa. “Nós adoramos receber gente nova”, ele afirma.
O grupo também disponibiliza todos os instrumentos para as oficinas, alguns confeccionados por eles mesmos. As oficinas acontecem todas as quartas-feiras, das 19h às 21h, na Praça da Fonte.
A Mariposa aqui se despede mais uma vez, agora na levada do baque, esse som forte e inspirador do maracatu que remete às nossa origens africanas, nossos lamentos e alegrias.
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