Esta semana faleceu o grande diretor de cinema francês Jean-Luc Godard que, juntamente, com o também francês François Truffaut deram início ao movimento conhecido como Nouvelle Vague (Nova Onda), que foi um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatório próprio dos anos sessenta.
Desde meus vinte e cinco anos descobri os diretores europeus e me apaixonei por seu cinema, entre eles, destaco Fellini, Louis Malle, Bergman e Luis Buñuel. Uma outra perspectiva de filmagem, um tempo mais lento, escolas diversas, e personagens que revelam uma profundidade e uma ambiguidade própria da vida real.
Acossado, filme que deu início ao movimento acima citado impressiona pelas sequências cruas, porém de uma beleza estética impressionante, diálogos certeiros, bem como um plano de movimentação das sequências, que nos colocam como que dentro do filme.
Godard, um marxista fervoroso traz a política para seus filmes, e assim se mantém ao longo dos anos. O documentário Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague mostra o afastamento de ambos por discordâncias políticas. O lirismo, o romantismo ínsito na filmografia de Truffaut os afastaria. Neste documentário impressiona ver dois jovens, com pouco mais de vinte anos, tão talentosos, geniais, que o destino juntou para revolucionar os rumos do cinema. Tamanho entendimento entre eles fazia que um filmasse sem palavras colocando o outro no diálogo.
A Nouvelle Vague surgiu para se contrapor ao cinema comercial, mas não envelheceu, e, até hoje, se contrapõe. São filmes que retratam o indivíduo nas suas questões existenciais, com a ideia de uma câmera na mão. A influência de Godard é sentida no cinema novo de Glauber Rocha, e tantos outros cineastas brasileiros que beberam da mesma fonte.
Recomendo os grandes diretores europeus. Um mundo novo nos é oferecido com um filme mais profundo, que não serve apenas como entretenimento, ainda que assim o faça também.
Texto: Morgana Arruda